Brasil, que matas o povo negro e oprimis sua gente, que vergonha! 5j6y32

O assassinato do Moise Mugenyi deve chamar-nos a atenção e sensibilizar para os impactos do racismo na restrição da cidadania de pessoas negras, influenciando atores estratégicos na produção e apoio de ações de enfrentamento da discriminação e violência.

Não podemos permitir, como cristãos, que o racismo mate ou deixe a juventude negra para trás. No Brasil, oito em cada dez pessoas assassinadas são negras.

A letalidade das pessoas negras vem aumentando e isto exige políticas com foco na superação das desigualdades raciais.

Sim. Os jornais noticiam frequentemente o aumento da repressão e perseguição às religiões não-cristãs que remetem à herança africana; o aumento da violência contra a juventude negra, cujos corpos são encontrados na calada da noite; a condição de vulnerabilidade das mulheres negras vítimas da violência doméstica e de feminicídio; a ameaça constante de retirada da ação afirmativa da Lei de Cotas que tem oportunizado aos negros o direito a educação e às melhores condições no mercado de trabalho; a busca de representatividade de negros e negras nos espaços de poder e decisão, avanço importante para a plena democracia brasileira.

Anos atrás uma pesquisa realizada pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e pelo Senado Federal constatou que 56% da população brasileira concorda com a afirmação de que “a morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que a morte de um jovem branco”.

O dado revela como os brasileiros têm sido indiferentes a um problema que deveria ser de todos. Defendemos que estas mortes precisam ser evitadas e, para isso, é necessário que Estado e sociedade se comprometam com o fim do racismo – elemento chave na definição do perfil das vítimas da violência.

O Brasil está entre os 193 países que se comprometeram com a agenda 2030 de desenvolvimento sustentável, tomado a decisão de não deixar ninguém para trás. Se o racismo tem deixado os jovens negros para trás, ele precisa ser enfrentado.

“Vidas Negras importam!” é uma convocação aos brasileiros e brasileiras a entrar no debate e promover e apoiar ações contra a violência racial.

Nesse horizonte de enraizamento bíblico queremos repudiar e condenar tamanhas barbáries fazendo nossas as palavras de Dom Zanoni Demettino Castro, Arcebispo de Feira de Santana, BA, e responsável pela Pastoral Afro-Brasileira, na CNBB-Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em 02 de fevereiro.

“Brasil, Brasil, ainda não reparaste o crime de lesa humanidade,

os três séculos de escravidão.

Brasil, que matas o povo negro e oprimis sua gente, Que vergonha!

Desde o dia 24/01/2022, temos recebido notícias sobre a morte do jovem negro congolês Moise Mugenyi.

O fato não pode ser visto isolado do contexto que vivem e am milhares de jovens negros e negras mortos nos últimos tempos.

Das 34.918 mortes violentas de jovens divulgadas no final do ano de 2021, 80% são de jovens negros. O cenário é desolador para nossas famílias e comunidades negras.

Queremos manifestar nossa solidariedade à família de Moise Mugenyi e às demais famílias, pela dor, sofrimentos e o luto.

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que, a ninguém é lícito tirar a vida de um inocente, pois é um ato contrário à dignidade da pessoa e à santidade do Criador.

“Não mates o inocente e o justo” (Ex 23,7). Entendemos que a missão da Igreja é evangelizar seguindo os os e atitudes de Jesus, acolhendo seus ensinamentos e proclamando o Evangelho. “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo dá” (Jo 14,27). Entendemos que a violência é contraria à verdade da nossa fé, à verdade da nossa humanidade. Portanto, a verdadeira paz é vida em plenitude.

Queremos externar nossa indignação com o genocídio de nossa juventude negra. Vidas negras importam.

Somos 56% do total da população brasileira e por isso, conclamamos as autoridades civis e jurídicas competentes a tomar uma atitude em favor da vida, a favor das vidas negras. Pedimos que os autores destas mortes sejam punidos na forma da Lei.

Como Pastor, chamado a cuidar e consolar as pessoas, compartilho com todos, sobretudo que mais sofrem neste momento, minhas orações e bênçãos”.

Medoro, irmão menor-padre pecador

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