A Igreja celebra nessa quarta-feira, 2 de fevereiro, o rito da Apresentação do Menino Jesus no Templo (cf. Lc 2,22-40).
Este tinha o mesmo sentido da consagração a Deus de todo primogênito, quer de seres humanos quer de animais. Quem era submetido ao rito ava a ser propriedade divina.
Ora, mas que sentido tinha oferecer a Deus quem era o seu próprio dom à humanidade? Terá sido a apresentação, no caso de Jesus, mero ritualismo, desprovido de sentido?
O que esse rito nos tem a dizer hoje quando vida se encontra tão desvalorizada, desrespeitada e, sobretudo, a vida dos pobres tratada como um lixo? A vida grita: “quero viver”!
Por se tratar do Filho de Deus, essa apresentação tem sentido suplementar. Ela dá, por um lado, um relevo especial à condição divina de Jesus, que é o Santo de Deus, nascido pela força do Espírito Santo.
Por se tratar do Filho de Deus, essa apresentação tem sentido suplementar. Ela dá, por um lado, um relevo especial à condição divina de Jesus, que é o Santo de Deus, nascido pela força do Espírito Santo.
Sem desmerecer sua condição humana, ele se projeta para além dos limites puramente humanos. Pertence a Deus, e como Filho de Deus exercerá sua missão.
Assim, a condição de consagrado aponta para seu absoluto enraizamento no Pai, sem possibilidade alguma de desviar-se do projeto dele. O coração de Jesus estava imune de idolatria. Aí só havia lugar para o Pai. Deus é o seu Absoluto!
Essa consagração, por outo lado, não o privava de sua condição humana. Ao contrário. Como consagrado, haveria de empenhar-se totalmente em fazer o bem, e em ajudar a humanidade a se tornar digna de sua pertença pessoal a Deus. Dai, decorre a autoproclamação de sua identidade: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Essa consagração, por outo lado, não o privava de sua condição humana. Ao contrário. Como consagrado, haveria de empenhar-se totalmente em fazer o bem, e em ajudar a humanidade a se tornar digna de sua pertença pessoal a Deus. Dai, decorre a autoproclamação de sua identidade: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
E, também, a declaração de sua missão na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o Ano da Graçado Senhor” (Lc 4,18-19).
Os quatro Evangelhos são o registro histórico testemunhal da vida de Jesus a serviço da libertação da vida de todos, especialmente das vidas sofridas, rejeitadas, ameaçadas, negadas, exploradas, oprimidas e assassinadas.
Os quatro Evangelhos são o registro histórico testemunhal da vida de Jesus a serviço da libertação da vida de todos, especialmente das vidas sofridas, rejeitadas, ameaçadas, negadas, exploradas, oprimidas e assassinadas.
A adoração radical da vida de Deus-Pai como absoluta teve como manifestação histórica o absoluto da vida humana. Sim. A vida de todos os homens e mulheres para Jesus é igualmente absoluta.
E a prova está na doação extrema de sua própria vida na cruz: aceita morrer para que todos possam viver com dignidade e liberdade e no limite da existência terrena ser reavivado, ressuscitado, com o dom salvador da vida eterna.
Essa entrega radical da própria vida para que todos tenham vida tornou-se uma exigência igualmente radical para os seus seguidores em todos os tempos: “dei-vos o exemplo para que façais o mesmo” (Jo 13,15)! “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12-17).
Essa entrega radical da própria vida para que todos tenham vida tornou-se uma exigência igualmente radical para os seus seguidores em todos os tempos: “dei-vos o exemplo para que façais o mesmo” (Jo 13,15)! “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12-17).
E é a fé em Jesus Cristo e no seu Evangelho que chama, convoca, conclama a todos a ir ao encontro de todas as vidas que gritam, imploram por viver!
Isso implica em gestos concretos, imediatos e inadiáveis de socorro, de solidariedade com essa multidão de irmãos famintos do pão quotidiano e do pão da justiça, especialmente as vítimas da pandemia da COVID e do desemprego e subempregos.
E, por isso mesmo, o grito pela vida implica igual e necessariamente nos compromissos de denuncia das injustiças sociais, na cidadania ativa nas múltiplas organizações sociais e no engajamento político – partidário ou não -para a mudança da estrutura político-econômica-social que aí está matando a vida que quer viver.
E, por isso mesmo, o grito pela vida implica igual e necessariamente nos compromissos de denuncia das injustiças sociais, na cidadania ativa nas múltiplas organizações sociais e no engajamento político – partidário ou não -para a mudança da estrutura político-econômica-social que aí está matando a vida que quer viver.
O cristão, fiel seguidor de Jesus, não só busca sinceramente viver pessoalmente os valores do amor, da justiça e da paz, mas abraça as lutas pela superação das desigualdades sociais e da múltipla violência que aí está. Estamos todos intimados ao engajamento na construção do Reino de Deus, ou seja, do mundo do jeito que Deus quer! A vida grita: “quero viver”!
Medoro, irmão menor-padre pecador
Medoro, irmão menor-padre pecador
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